O planejamento das aulas está presente no trabalho de todos os professores. Na Escola Estadual Silviano Brandão, em Belo Horizonte, esse planejamento agora é colocado de forma simples e clara em um documento online que pode ser acessado online por pais e alunos diariamente. Dessa forma, o trabalho dos educadores pode ser visto e acompanhado de perto pela diretoria, supervisão e famílias dos estudantes.
Foto: Lígia Souza ACS/SEE
Por um arquivo do Excel disponível no Google Docs, é possível
consultar antes de entrar em sala: tema da aula, eixo temático dos
Conteúdos Básicos Comuns (CBC), Tópico CBC, habilidade CBC, temas
transversais, nível de desenvolvimento, metodologia da aula, avaliação
da aula, desenvolvimento da aula, se será ou não utilizado o livro
didático e quais de suas páginas e exercícios, quais recursos, como
lousa, televisão ou projetor e em que espaço da escola a aula será
ministrada. Depois da aula, o professor pode ainda voltar à planilha e
avaliar a aula. A planilha também tem um espaço para o planejamento das
aulas do professor de apoio para os alunos de educação especial.
Segundo o diretor, a necessidade dos alunos de carregarem mochilas
mais leves foi um dos fatores que trouxe a ideia desse projeto. “Muitos
alunos não trazem o material, alegam que é muito pesado. Pensando nisso e
na dificuldade que a gente tem de acompanhar o dia a dia do professor
na sala de aula, dado o volume de trabalho que temos, pensamos em uma
forma de planejamento que todos nós pudéssemos ter acesso, a direção, os
demais professores e, principalmente, pais e alunos”, afirma Márcio
Antônio Fonseca, diretor da escola. Os alunos poderão consultar na planilha se devem ou não levar os livros didáticos.
Dentro de sala de aula o desempenho de
professores e alunos pode ser acompanhado de perto pela equipe da
escola. “Um dos itens que mais tenho acompanhado é uma avaliação que o
professor faz. Se a aula foi boa ou ruim e se ele achou que os alunos
conseguiram entender o conteúdo. Colocamos uma escala de um a cinco e,
quando vejo lá uma nota de dois ou um é um alerta para mim ou para a
vice-diretora ou para a supervisora para fazermos uma intervenção na
turma. Sempre conversamos com o professor para entender o que aconteceu,
porque ele avaliou a aula daquela forma”.
Os professores começaram a usar a
planilha em meados de abril e, no começo de maio, o link foi
disponibilizado para os alunos. Aos poucos, o professor levou os
estudantes ao auditório da escola, onde apresentou a ideia e explicou a
todos como eles podem usá-la no dia a dia. “De lá pra cá já começamos a
perceber uma diferença. Se o professor avalia a aula com uma nota dois e
dá a mesma nota para a aula seguinte, significa que seu planejamento
não está atendendo nem a ele, porque frustra suas expectativas em
relação à aprendizagem, ou aos alunos”.
Thaís Amorim, que faz o 2º ano do ensino
médio na escola, gosta da possibilidade de chegar em sala preparada. “É
bom que a gente já pode se planejar para a aula que vai acontecer no
dia seguinte, já consegue ver se precisa trazer o livro ou não, porque é
bem pesado. Quando tiver prova dá pra ver o conteúdo que o professor já
deu e vai atrás, estuda mais”.
“Fica muito mais fácil para a gente
saber se a aula é na sala de vídeo, no auditório, na quadra, se a aula
vai ser diferente, como uma aula prática”, complementa seu colega
Alexandro Vitor Ferreira de Jesus. Para colocar a planilha mais
acessível aos estudantes, o link com o conteúdo está disponível na página da escola no Facebook. Dados de interesse dos professores, alunos, pais e equipes da escola estão presentes na planilha.
A ideia é quando formos para o conselho
de classe fazermos essa discussão. Por exemplo, o professor usa ou não o
livro didático? Por que uma turma usa e outra não? Por que o
planejamento é o mesmo para todas as turmas do mesmo ano se o nível de
aprendizagem quando a gente olha as avaliações são diferentes. Isso dá
uma gama de informações para a gente sentar e fazer uma discussão de
fato sobre o que está acontecendo na escola.
Planejamento eficiente
A ideia do diretor era colocar na
planilha somente o básico, que faria diferença para quem acessa o
documento. “Fazer o planejamento, escrever muito e nada acontecer não
resolve nada. Procuramos colocar aquilo que é importante de informação
para o professor, para a equipe pedagógica, para os alunos e para os
pais”.
Apesar de o projeto estar em seu início,
a planilha já faz diferença no dia a dia de alguns professores da
escola. Enquanto alguns ainda estão se acostumando à nova rotina de
fazer o planejamento diário – diferente do quinzenal, como era
anteriormente – Paulo Franco, que dá aula de Artes, além de atuar nas
áreas de Tecnologia da Informação e Turismo do Reinventando o Ensino
Médio, está bem adaptado. “Acho que ficou mais prático. Nesse novo
modelo ganhei bastante tempo. Eu levava cerca de 40 minutos para
planejar as aulas e hoje faço em quinze ou vinte minutos”, conta.
Wennia Silva Oliveira, professora de
Biologia e Ciências, também acredita que a planilha veio para facilitar.
Apesar de às vezes só conseguir publicar o conteúdo para os alunos na
noite do dia anterior ou na manhã do mesmo dia da aula, ela acredita que
a ideia é viável. “É fácil de fazer e internet é fácil de encontrar em
todo lugar. Então em qualquer lugar em que eu estiver posso fazer esse
planejamento e é um formulário que ficou bem interessante e rápido pra
fazer. Então posso pegar o CBC no Centro de Referência Virtual do
Professor como sempre faço e é muito rápido para colocar lá”. Thaís agora sabe o que esperar das aulas antes mesmo de entrar em sala.
Já a professora de Matemática Fernanda
Lara Valadares conta que duvidou no começo, mas agora que o projeto foi
colocado em prática elogia. “Quando o diretor nos passou pensei em como
faria isso todos os dias, mas na hora de fazer vi que conseguia fazer
bem mais rápido e ficou mais organizado pra mim. Eu planejava uma coisa e
via que não dava tempo, achava que eliminaria um conteúdo em três aulas
e levava cinco ou seis. Com esse novo modelo o que não deu certo a
gente pode mudar para a próxima aula. Esse é o melhor planejamento com o
qual já trabalhei”, diz.
‘Ano da tecnologia na escola’
Esse é só o primeiro de uma série de
projetos que envolvem a informática a equipe da escola está planejando. O
próximo é uma autoavaliação feita pelos alunos, também online. O
questionário será liberado em uma sexta-feira e os alunos terão o fim de
semana para responder. “Acho que esse é um momento para sentar sozinho e
refletir sobre cada pergunta, sobre cada situação que a colocamos lá.
Então pensei que eles pudessem fazer em casa, no fim de semana, sem
preocupação com o tempo. Depois vou ver quantos fizeram, quantos não
fizeram e porque não fizeram”. Quem não tem computador em casa poderá
responder na sala de informática da escola.
Um dos objetivos que a escola busca
alcançar ao disponibilizar o planejamento do professor para os pais é
aproximar as famílias da instituição. Para chegar mais perto disso, já
está sendo colocada em prática outra ideia: um sistema online que
disponibiliza aos pais notas e faltas de seus filhos. Esse sistema será
acessado com uma senha e a família terá acesso somente aos dados dos
seus filhos.
“Nós chamamos os pais para entregar o
boletim e poucos vêm. E acho importantíssimo o pai poder acompanhar o
que está acontecendo na escola. Na matrícula perguntamos aos pais se
tinham Facebook, telefone celular, informações sobre essas mídias para
podermos ver quantos tinham. E vários têm, então acredito que uma boa
parte vai conseguir”, justifica Márcio.
Para aqueles pais que não têm acesso a
computadores, a escola disponibilizará o equipamento. Os que não sabem
como usar terão a oportunidade de aprender com seus filhos e outros
alunos que estão inseridos no Reinventando o Ensino Médio na escola. “A
ideia é pegar os alunos da Tecnologia da Informação, do 1º ano do ensino
médio, para ajudar esses pais e ensiná-los a acessar essas mídias”.
Outra ideia é criar o Fale com o
Diretor, um canal online para os alunos entrarem em contato com a
diretoria. “Às vezes eles querem falar alguma coisa mas não querem vir à
sala do diretor. Então queremos usar essas novas mídias para nos
aproximarmos deles, que estão muito mais avançados que todos nós. Estou
chamando esse ano de ano da tecnologia na escola e acho que vai dar
certo”, afirma o diretor.
Município: Belo Horizonte / Superintendência Regional de Ensino Metropolitana B
Fonte: Blog Educação
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